santo américo
Santo Américo, Príncipe da Hungria
Santo Américo é um daqueles santos que podem servir de modelo aos jovens de todas as épocas, mas, especialmente deve ser considerado protetor dos alunos dos colégios beneditinos. Este ponto aparece claramente pela história de sua vida.
Nasceu no início do século XI, num período histórico conturbado. Seu pai, Santo Estevão, era o primeiro rei da Hungria, que se esforçava para converter o seu povo do paganismo à religião católica. Sua mãe, Gisela, mulher muito piedosa, era irmã do imperador Henrique.
Alguns irmãos de Américo morreram ainda na primeira infância. Américo, porém, cresceu e tornou-se um jovem de muitas qualidades sendo uma benção do Senhor à família tão piedosa.
Sua educação foi confiada a Geraldo, monge beneditino que chegara a Hungria vindo de Veneza. Geraldo educou-o como eram educados os príncipes cristãos da época, ressaltando a formação espiritual no jovem aluno.
Certa vez o Rei e sua família foram visitar o Mosteiro de São Martinho, fundado alguns anos antes. Quando a comitiva real chegou às portas do mosteiro, todos os monges, enfileirados, saíram para receber os visitantes. O rei recebeu a homenagem deles e Américo também os cumprimentou, dando três abraços ao Abade e um a cada religioso, até chegar a vez de um jovem monge, de nome Mauro, a quem cumprimentou demoradamente, com sete abraços calorosos. Interrogado mais tarde, o porquê de tal atitude, declarou: “Eu vi o rosto de Mauro resplandecer de pureza de seus costumes. ”
O rei Estevão tinha planos de entregar o reino à seu filho. Mas Deus dispôs de forma diferente e o jovem Príncipe faleceu antes de seu pai, vítima de um acidente durante uma caçada.
Como diante do tumulo de Estevão e Américo ocorreram muitos milagres, o papa Gregório VII declarou-os santos da Igreja Católica. Assim podemos aplicar a ele as palavras da Sagrada Escritura:
“ Ele foi transferido e não mais foi encontrado, pois Deus o chamou para junto de si. Antes de ser arrebatado, deu testemunho de que era aceito por Deus, e deixou este mundo antes de ser atingido pela tentação. ”
são bento
Nascido na cidade de Núrsia, Itália, São Bento vive entre os anos 480 e 547, durante a Alta Idade Média. Em 529, funda o Mosteiro Monte Cassino, fundamento da Ordem Beneditina. Em 534, começa a redigir a Regra de São Bento, um dos mais importantes e utilizados regulamentos da vida monástica, razão pela qual São Bento é considerado o patriarca do monarquismo ocidental.
A Regra Beneditina prega o serviço a Deus por meio da vida em comunidade, da estabilidade e da harmonia entre a espiritualidade e a ação no mundo material, a favor dos homens, expressa no binômio Ora et Labora. O capitulo 48 determina que os monges dediquem-se à Lectio Divina, que consiste na prática da leitura orante das Sagradas Escrituras e dos Santos Padres. Além de ser instrumento da vida espiritual, levando a uma maior comunhão com Deus e aumentando o conhecimento de sua Palavra, a Lectio Divina instaura nos mosteiros beneditinos uma intensa atividade intelectual.
A obrigatoriedade da leitura e, por sua vez, a escassez de livros disponíveis à época implicam o surgimento dos monges copistas, que não somente reproduzem manuscritos, de forma altamente artística, como também contribuem para o desenvolvimento da escrita. De outro lado, a reprodução e a aquisição de obras promovem consequentemente a organização de bibliotecas, que propiciam a fundação de escolas junto aos mosteiros beneditinos – tradição iniciada já em Monte Cassino, onde Bento recebe crianças e jovens para serem educados.
Como todos esses elementos, os mosteiros beneditinos tornam-se verdadeiros centros culturais na Idade Média, restaurando a valorização do saber e sendo significativamente responsáveis pela preservação e transmissão do imenso legado cultural do mundo greco-romano e de toda a cultura antiga, oriental e ocidental, em uma época em que o patrimônio humanístico se dispersa.
Além de fomentar a leitura, São Bento prega a estabilidade, em um período histórico e que o nomadismo é a regra, e ainda o trabalho manual, realizado no Império Romano somente por escravos, remando na contracorrente dos valores de sua época. Instaura, assim, novos parâmetros, que se espalham gradualmente pela Europa, também com o auxilio da obra Diálogos, escrita pelo papa Gregório Magno em 594, que contem um capitulo sobre a vida de Bento.
Por sua vez, a partir do século VII, a Regra Beneditina passa a reger quase todos os mosteiros do Ocidente. Quase quinhentos anos depois, em 996, o Mosteiro de Pannonhalma, erguido por monges húngaros da Ordem de São Bento, será um deles e, mais de mil anos depois, em 1953, será a vez de a Abadia São Geraldo estender as raízes beneditinas em solo brasileiro.
são geraldo
Geraldo nasceu em Veneza, de pais nobres e tementes a Deus que se distinguiram na devoção à Bem-Aventurada Virgem Maria. Como eles, por muito tempo, não tivessem descendência, pediram à mesma Virgem, e esta lhes enviou Geraldo.
Já aos cinco anos Geraldo começou a ser educado no Mosteiro de São Jorge em Veneza. Feito monge, se distinguiu nos santos estudos e pouco depois foi obrigado a aceitar o múnus de abade deste mosteiro. Porém, após poucos anos, contra o desejo dos irmãos, renunciou ao encargo de Abade, porque queria peregrinar à Terra Santa. No entanto, Deus dispôs de forma diferente e ele em vez da Palestina chegou ao reino da Hungria.
Neste primeiramente, se hospedou junto a Mauro, bispo de Cinco Igrejas. Em seguida, foi apresentado ao Santo Rei Estevão. Este santo Rei ao recebe-lo viu suas virtudes e incumbiu-o da educação de seu filho, o príncipe Américo. Geraldo, com seus conselhos e exemplo, formou a alma de Américo para o exercício de muitas virtudes e ao ver que o jovem já não mais precisava de guia espiritual, afastou-se dele e se estabeleceu no Eremitério de Bel. Nesse lugar passou sete anos em condições ásperas para o corpo mas doces para o espirito.
Devido as necessidades do reino foi chamado e constituído bispo de Csanad. Ali recebeu vários outros sacerdotes de diferentes nacionalidades. Ele mesmo batizou os pagãos, difundiu a fé, construiu igrejas e mosteiros, ajudou os pobres e sobretudo divulgou a devoção à Bem-Aventurada Virgem Maria. Foi agraciado ainda com o espirito profético.
Após o falecimento do Santo Rei Estevão, muitos pagãos se revoltaram como ele mesmo predissera. Muitos que haviam sido convertidos a pouco tempo recaíram nos antigos ritos pagãos e ferozmente perseguiram os cristãos. O Santo varão Geraldo, certa noite, se encontrava perto da igreja de Santa Sabina, na diocese de Alba Regia. Durante a ceia, iluminado por divina revelação, disse aos seus companheiros de viagem: “- Meus irmãos e meus amigos, amanhã seremos convidados à Ceia do Cordeiro”. No dia seguinte, após celebrar a missa e todos confessarem seus pecados, distribuiu o Corpo do Senhor aos seus discípulos. Feito isso, com animo alegre, partiu ao encontro do martírio.
Chegando à cidade de Buda, o Santo Bispo e seus seguidores foram aprisionados por uma multidão de gentios. Geraldo traçou sobre ele o sinal da Cruz e orou por eles.
Porém, os gentios começaram a lapidá-los e precipitaram a condução em que se encontravam, pelas encostas de monte. Seu peito foi ainda transpassado por lanças e seus discípulos foram mortos da mesma maneira. Dessa forma o Bispo Geraldo chegou a obter a palma do martírio no ano de 1047.
santo estêvão
Rei Modelar e grande Apóstolo da Hungria
Geysa, quarto Duque dos hunos ou húngaros, ainda bárbaro e pagão, teve a felicidade de casar-se com a virtuosa Sarolta, filha do Duque de Giula, que aos encantos femininos unia os da virtude. Como uma nova Clotilde, empenhou-se ela com sucesso na conversão do marido, que com muitos de seus nobres, recebeu o batismo.
Essa conversão, embora sincera, não foi suficiente para fazê-lo cessar de vez com os costumes bárbaros, e sobretudo para torná-lo modelo diante de seus súditos. Um dia em que refletia sobre o modo de levar seu povo todo à conversão, um anjo lhe apareceu. Disse-lhe que, por ter as mãos ainda tintas de sangue, isso caberia a um filho seu, o qual “será do número daqueles Reis que Deus escolheu para Reis eternos”. A Geysa, por sua vez, Deus enviaria como embaixador um santo varão que deveria ser obedecido pelo Duque em tudo o que mandasse (1).
Esse varão era Santo Adalberto, Bispo da Boêmia, que, obrigado a sair de sua diocese em virtude da rebeldia de seus rudes vassalos checos, foi pedir asilo na Hungria. O Duque Geysa recebeu-o com grande benevolência, pondo-se em suas mãos para que o guiasse naquilo que julgasse ser da maior glória de Deus.
“O santo Bispo com sua vida, doutrina e pregação divina, converteu grande número daquela gente que, por sua natural condição e por sua idolatria feroz e bárbara, vivia apartada do grêmio da Santa Igreja” (2).
O mais completo Príncipe de seu século
Enquanto isso a Duquesa, que em tudo animava e secundava seu esposo, estando para dar à luz, teve uma visão “assegurando-lhe que o filho que ela portava no seio acabaria a obra que ela e o marido haviam começado, e que ele exterminaria o paganismo do meio de seu povo” (3).
O esperado menino – futuro Santo Estêvão -- nasceu em 977, recebendo o nome do protomártir em louvor deste. A criança “soube pronunciar o nome admirável do Salvador antes de saber pedir o pão e saudar seu pai e sua mãe. Viu-se nele, desde a infância, tão belas inclinações para a piedade, que não se duvidou que ele levasse avante fielmente o que o Céu havia prometido e predito” (4).
Foi dado ao menino, como tutor, Teodato, Conde da Itália que, de comum acordo com Santo Adalberto, fê-lo progredir nas sendas da virtude e da ciência, de modo que “os conhecimentos com que ilustrou sua inteligência e as virtudes com que adornou sua alma fizeram de Estêvão o Príncipe mais completo de seu século” (5).
Quando Estêvão atingiu os 15 anos, seu pai confiou-lhe parte dos negócios do Estado e, vendo que Deus o havia dotado de uma prudência singular, não tomava nenhuma medida importante sem ouvir antes seu parecer. Pouco mais tarde confiou-lhe também o comando do exército.
No ano de 997, duas mortes feriram o generoso coração de Estêvão: a de seu pai, a quem devia suceder, e a de Santo Adalberto, a quem considerava seu pai espiritual. Este, tendo ido evangelizar os povos da Prússia, lá obteve a coroa do martírio.
O Primeiro Rei Apostólico
O primeiro cuidado de Estêvão ao subir ao trono Ducal, foi o de fazer a paz com seus vizinhos, a fim de poder dedicar-se a estabelecer solidamente o cristianismo em seus Estados. Bem sucedido na primeira empresa, não o foi na segunda, pois alguns de seus vassalos ainda muito apegados ao paganismo e às superstições, levantaram-se em armas contra ele, atacando a cidade de Veszprem, a mais importante do Ducado depois de Estergon.
Estêvão preparou-se para a campanha militar com jejum e oração, escolhendo para patronos de sua empresa São Martinho de Tours, seu compatriota, e São Jorge. E, embora com um número inferior de soldados, desbaratou o inimigo. No local da vitória, mandou edificar um mosteiro em honra de São Martinho.
Livre assim para prosseguir seus desígnios, edificou igrejas e mosteiros, e mandou vir de outros países sacerdotes e religiosos recomendáveis por sua piedade para evangelizar seu povo. Alguns destes viriam a receber a coroa do martírio.
Mas faltava ao jovem Duque a chancela do Sumo Pontífice. Por isso, enviou uma embaixada a Roma com a finalidade de oferecer ao Pai comum da Cristandade aquele novo Estado cristão, pedir para ele a bênção apostólica, a confirmação das dioceses criadas. E, sobretudo, conceder ao novo Duque cristão o título de Rei para que, com mais autoridade, levasse avante tudo o que pudesse servir para a propagação da fé e da verdadeira religião.
Narram os cronistas que, nessa mesma época, o Duque da Polônia, Miceslau, tendo-se convertido ao cristianismo, mandara ao Papa uma embaixada com o mesmo pedido. Silvestre II, para honrá-lo, havia mandado preparar magnífica coroa de ouro com riquíssimos esmaltes. Entretanto, um anjo apareceu-lhe comunicando-lhe que aquela coroa não seria para o duque polonês, mas para Estêvão, Príncipe da Hungria, cujos embaixadores chegariam no dia seguinte, porque suas virtudes e zelo pela fé lhe mereciam essa preferência.
O Sumo Pontífice recebeu com alegria as novas da conversão daquele distante país, concedeu a coroa a Estêvão com plenos poderes apostólicos para fundar igrejas e erigir Bispados e Arcebispados. Deu-lhe também uma bela cruz que deveria preceder o novo rei como sinal de seu apostolado, porque, dizia o Papa, “eu sou o Apostólico, mas ele merece levar o nome de Apóstolo, pois que ganhou tão grande povo para Jesus Cristo” (6).
A coroa presenteada pelo Papa passou a ser uma verdadeira relíquia para os húngaros, e um símbolo de sua própria nacionalidade. Tem uma cruz um tanto inclinada por causa de um acidente, e é guardada exatamente assim até nossos dias.
Estado húngaro: “Família de Santa Maria”
Estêvão submeteu sua coroa e Estados à Sé de Pedro, e consagrou seu Reino e pessoa à proteção especial da Mãe de Deus, de tal modo que só se referia ao Estado húngaro como “a família de Santa Maria”. “E tal é o respeito que os húngaros têm à Virgem, que ao falar dEla, a denominam sempre de ‘a Senhora’, ou ‘Nossa Senhora’, e inclinam a cabeça ao mesmo tempo, algumas vezes dobrando os joelhos” (7).
Em louvor a tão excelsa Senhora, mandou edificar magnífica igreja em Szekes-Fehervar, confiando-a aos melhores artistas e escultores.
Seu zelo pela Religião estendeu-se para além de seus domínios. Fundou um mosteiro em Jerusalém por devoção ao local do padecimento do Salvador, estabeleceu em Roma uma igreja colegial com doze cônegos e hospedaria para os peregrinos húngaros que se dirigissem à Cidade Eterna, e outra magnífica igreja em Constantinopla.
Compreendendo que, a par da evangelização, era necessário cuidar da educação intelectual e moral de seu povo, chamou eruditos monges - os únicos educadores da época - para essa imprescindível tarefa.
Solicitude de pai para com o povo
Santo Estêvão era sobretudo um pai para seu povo. E como tal o tratava, ocupando-se de preferência dos mais necessitados como os pobres, os órfãos, as viúvas e os doentes, dos quais muitas vezes cuidava com as próprias mãos. E isso era tanto do agrado divino, que lhe foi concedido o dom de curar doenças. Foi obsequiado também com o dom da profecia, vendo acontecimentos futuros como se estivessem diante de seus olhos.
Passava os dias cuidando dos negócios públicos, e parte da noite em oração e penitência. “Era grave e sério em suas ações; raramente se o via rir, porque estava tão composto e dentro de si como se com os olhos do corpo visse a Aquele Senhor que via com os da alma, e como se estivesse diante de Seu tribunal para dar-Lhe conta de toda sua vida. A Cristo trazia em sua boca, a Cristo em seu coração, a Cristo em todas suas obras” (8). “Tinha o santo rei um caráter admiravelmente equilibrado, de modo que nem sua bondade nem sua inesgotável generosidade degeneraram jamais em debilidade ou dissipação” (9).
Não é de admirar que, vivendo sempre na presença de Deus, o Rei-apóstolo tivesse êxtases e fosse visto levitando.
Combates e cruzes de um Rei zeloso
Na hora do combate, Estêvão combatia como um bravo, mas ciente de que a vitória dependia de Deus. Quando seu cunhado e amigo o Imperador Santo Henrique faleceu, seu sucessor, Conrado II, quis apoderar-se do reino da Hungria. O santo preparou-se o melhor que pôde militarmente. Mas confiou-se sobretudo a Nossa Senhora. Ocorreu então um fato prodigioso: os generais do Imperador receberam ordem de retornar a seu país sem haver batalha. O Imperador, não tendo dado essa ordem, reconheceu no fato uma intervenção divina e abandonou seu projeto de conquista.
Como todos os eleitos de Cristo, Estêvão foi agraciado com Sua cruz. Durante três anos foi atormentado por violentas e agudas dores; morreram-lhe os filhos, restando-lhe apenas o mais velho, Américo. Neste, por sua disposição à virtude, depositara todas suas esperanças. Era o consolo de sua vida e esperança de sua velhice. Mas Deus quis também conduzi-lo para o reino do Céu, para o qual estava tão maduro que foi elevado depois à honra dos altares.
Normas de governo refletem santidade
Para esse filho, Estêvão havia escrito algumas normas de governo que são como um espelho de sua própria alma: “A prática da oração é a garantia da saúde do reino. .... O rei que não atende à voz da misericórdia é um tirano. Por isso, meu filho muito amado, doçura de meu coração, esperança da geração futura, recomendo-te que tenhas entranhas de mãe não só com os teus parentes, não só para com os chefes do exército e os potentados, mas para com todo o povo.
“As obras de piedade serão a base de tua felicidade. Sê paciente não só com os ricos, mas também com os necessitados. Sê forte, de maneira que nem a fortuna te levante nem te desanime a adversidade. Sê humilde, que Deus se encarregará de exaltar-te. Sê doce, sem esquecer a justiça e sem castigar irrefletidamente. Sê casto e evita os estímulos da concupiscência como latidos de morte. Estas são as pedras preciosas duma coroa real. Sem elas perderás o reino da terra e também não conseguirás aquele que não acaba” (10).
Santo Estêvão faleceu no dia da Assunção do ano do Senhor de 1038, sendo canonizado em 1686 pelo Papa Inocêncio XI.